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Mostrando postagens de julho, 2018

Falta que as faltas fazem

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Das partidas de tênis que não jogamos De Portugal que não fomos conhecer Do New Koto que não experimentamos Do hotel fazenda onde não fomos espairecer Das prateleiras vermelhas que não fixamos na parede Da temporada de 1 Contra Todos que não assistimos Da ninhada que o Focinho Gelado não teve Da dieta em que não insistimos Da Highway One que não exploramos Da volta que não demos na moto nova Do painel de TV que não instalamos Do acampamento que não aconteceu Das próximas alianças que não encomendamos Dos filhos que não vieram Dos votos que não renovamos.

A carta

      Na tenra infância, ao acaso, Cecília encontrou uma carta bem dobrada dentro de uma velha agenda telefônica que repousava sobre o empoeirado criado mudo. Aquela correspondência com letras tremidas e tinta fresca era um adeus dirigido ao seu pai, sofridamente escrita por sua mãe, após flagrá-lo traindo-a.       Ao ver seu nome naquele pedaço de papel e um pedido para que o pai cuidasse bem dela, entendeu que, de alguma forma, aquilo lhe dizia respeito e, portanto, era seu direito saber do que se tratava. Geniosa como era, não sossegou até que seu pai chegasse do trabalho. Com a carta no bolso do short , pés descalços e cabelos desengrenhados, correu até o portão ao vê-lo se aproximar de casa.      Ele adentrou-se, beijou-a e, antes que pudesse dizer uma só palavra, a menina franziu a testa, como se tentasse enxergar melhor, e rapidamente indagou: “Papai, você sempre me amou mais do que a mamãe? Foi por isso que você ficou comigo?”       Surpreso com a pergunta, o pai se deu