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Mostrando postagens de março, 2018

Sozinho

Preferindo qualidade à quantidade Cultivou poucos e bons amigos Com os quais partilhou a dança, o riso e o vinho Com reciprocidade Não lhe faltou palavra amiga, amor e carinho Tampouco paciência, encorajamento e lealdade Mas as dores do caminho Achou por bem enfrentar sozinho No silêncio daquele quarto Protegido em seu ninho.

Sobre chicletes e umbigo

O mundo está ficando cada vez mais fitness . Termos como sem glúten, sem lactose, low carb , ligth , diet, zero tomaram de conta das rodas de conversas, rede sociais, programas de TV, prateleiras do mercado, revistas. Ouso dizer que as próximas gerações talvez nem venham a conhecer muitas das guloseimas que existem atualmente, ainda. Uma pena! Tal suposição me motiva a registrar para a eternidade uma pequena parte da história de Duda, nascida em Brasília/DF, nos anos 90, época em que não havia tamanha preocupação e restrição dos pais sobre a ingestão de doces – talvez fosse essa uma das muitas razões pelas quais a vida daquelas crianças tenha sido mais leve e divertida do que as de hoje, que gastam seu tempo livre enfurnadas em um tablet enquanto comem bolachas de arroz e chá de hibiscos. Era muito simples arrancar de Duda um sorriso que ia de orelha a orelha: bastava lhe dar um chiclete. PingPong, Ploc, BigBig, Bubbaloo, BolinBola, Huevitos, não importava o sabor.   Embora se

Mar... (A)Mar... Mar(te)

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Ali trancada em seu quarto de paredes cor de rosa, sentada no tapete, com os olhos fechados, ouvindo sua banda preferida no walkman que ganhou de presente no último Natal, sonhava em conhecer o mar. Sonho esse que brotou de um cartão postal que havia recebido, quando ainda estava sendo alfabetizada, de sua madrinha que se mudou para o Rio de Janeiro. Ano após ano, recebia um novo postal com imagens das mais belas praias cariocas, os quais guardava cuidadosamente em suas agendas. A cada novo cartão, crescia o seu desejo de ir à praia. Sonhava como o dia em que veria de perto toda aquela imensidão azul. E ali, no chão de seu quarto, com os olhos fechados, podia até sentir o toque da areia em seus pés descalços e a maresia permeando seus cachos soltos sob o sol. Por volta de seus dez anos de idade, o sonho, enfim, se tornou realidade. Foram dois dias e uma noite inteirinhos rodando de Brasília a Natal, em um Monza vinho ocupado por três adultos e três crianças. Certamente, uma