Será que é suficiente?


Tomando aqueles comprimidos em sua mão gelada e trêmula, fechou-a apertando o máximo que pôde, cerrou os olhos e respirou profundamente. “Será que é suficiente?”, se perguntava baixinho.
Com o rosto vermelho, olhos e lábios inchados de tanto chorar, sentado no chão frio do banheiro do hospital, não conseguia enxergar o futuro, sua única certeza era de que não agüentaria viver nem mais um dia com a culpa pela morte repentina de sua amada.
Batendo a cabeça contra a parede, questionava-se: “E se eu não tivesse bebido tanto?” “Se tivesse entregado as chaves do carro como ela pediu?”. “Ah! Se eu pudesse trazê-la de volta!”, e, olhando para sua mão fechada cheia de comprimidos, insistiu: “Será que é suficiente?”

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