Pássaro branco
Enfim chegara a tão esperada noite de encerramento do ano letivo. Todas
as desconfortáveis cadeiras de madeira daquele pequeno teatro da escola, velho
e fedido a mofo, estavam ocupadas. Seus pais, bem ali, sentados na primeira
fileira, não conseguiam disfarçar o orgulho que sentiam pela sua primeira
apresentação.
Foram dias, semanas, meses e praticamente um ano inteiro de
ensaios, provas e ajustes de figurino, escolha da maquiagem perfeita, bandaids nos pés, frio na barriga. Quando a cortina
azul marinho se abriu e a música começou a tocar, ela, nervosa, inspirou lenta
e profundamente, levantou o queixo e, ao expirar todo o ar de seus pulmões, lançou
fora a ansiedade.
A cada nova suave inspiração, seu corpo respondia em
movimentos precisos, leves e sublimes. A coreografia, então, se desenvolvia com
a maior naturalidade, e a jovem bailarina parecia simplesmente flutuar, como um
belo pássaro branco no céu anil ensolarado.
Comentários
Postar um comentário