Carta a um objeto


Asa Norte/DF, 05 de março de 2017.

                      Meu querido,
                   Olhando agora para você aí empoeirado e largado na prateleira desta estante, imagino o quanto deve sentir-se abandonado, esquecido e até mesmo inútil. Logo você, que viu o DVD player chegar e ir embora, assim como, posteriormente, aquele pomposo aparelho de blueray que também não se demorou por aqui.
                   Não posso negar que me abri às novidades tecnológicas que surgiram diante de mim e com isso você acabou, pouco a pouco, perdendo o seu lugar em minha vida. Quero te pedir perdão por isso e, principalmente, por ter, de certa forma, te prendido a mim mesmo quando já não te queria mais. Sinto muito, de verdade!
                   O fato é que me acomodei com sua presença e, de alguma forma, te ver bem aí todos os dias foi te tornando invisível aos meus olhos. Estranho, não? Mas o que importa é que agora, finalmente, estou pronto para te deixar livre para seguir adiante. Acredito que você ainda possa ser feliz fazendo o que ama...
                   Quem sabe levar alegria ao projetar bons filmes em um abrigo de idosos, já pensou?! Dessa forma, também posso me liberar da culpa por ter te prendido a mim tanto tempo... por apego. Videocassete, sou grato por todos os bons momentos que me proporcionou ao longo de toda a nossa história juntos. Seja feliz!
                       Com amor, Vinicius.

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