Catarse

  Rio de Janeiro/RJ, 05 de junho de 2020.


                           Querida Susana, como vai?

       Há quanto tempo não nos falamos! Acredito que não esteja recebendo minhas mensagens. Tudo certo por aí? Espero que estejam todos bem. Escrevo para contar que finalmente assisti ao filme que você havia me recomendado. E, desde então, como tenho querido conversar sobre ele! Acredita que, enquanto os créditos finais subiam pela tela, tive uma catarse? Ah, e como chorei!
      Você não havia me contado muito, apenas insistido que deveria assistir. E você estava certa! Pelo título, eu já imaginava que a trama tratasse de abusos emocionais, intelectuais e mesmo físicos que assolam o universo feminino desde que o mundo é mundo.
      Como sabemos, esse é um dos assuntos que desperta fome de luta em mim e em você, não apenas por sermos mulheres, não apenas por militarmos contra o patriarcado e as ervas daninhas que ele deixou arraigadas nos jardins da nossa sociedade, não apenas por desejarmos e batalharmos por um mundo melhor para nossas filhas, netas e bisnetas.
      Não apenas por tudo isso, mas também por termos vivido em nossas próprias almas a dor de uma vida invisível. Que bom que aquele tempo passou para nós, Susy! E que hoje podemos de alguma forma, por menor que seja, ajudar a colorir a vida de outras mulheres. Você com suas artes, eu com meus textos. E cada uma de nós empenhada em costurar com novos valores e autenticidade os tecidos da nossa própria versão de família, de espiritualidade, de casamento, de felicidade.
      Assistir à Vida Invisível me conectou com sentimentos como saudade da irmã, raiva, fúria, tristeza, inquietude, nojo, desesperança, solidão, mas principalmente libertação do muito que ainda estava preso aqui dentro e precisava partir. Obrigada, Susy!
       Com carinho, Tereza.

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