Superpoder

 

Se você tem o privilégio de conviver com uma criança, com certeza já foi surpreendida com a pergunta “Qual superpoder você gostaria de ter?”. Para respondê-la, é possível que você tenha feito uma viagem à sua própria infância, ou talvez tenha permanecido no presente mesmo, refletindo sobre qual poder tornaria melhor o mundo em que vivemos hoje.

Quando criança, eu adoraria poder voar! Hoje eu adoraria acabar com a fome no mundo, assim como gostaria de ter o superpoder de curar a depressão, e o de abolir o assédio às nossas meninas e mulheres. Eu não sei de onde vêm esses superpoderes que eu adoraria ter! Mas posso te mostrar o caminho para o poder da invisibilidade. Que tal? Para se tornar invisível, você vai precisar praticar um pouquinho.

 Comece silenciando seus medos, seus sonhos, seus sentimentos. Guarde-os só para você. Não aborreça os outros com seus pensamentos, afinal eles já têm suas próprias ocupações. Não celebre suas conquistas, uma vez que não passam de mera obrigação. Não emita sua opinião se ela for gerar embates. Jamais se envolva em assuntos polêmicos como política, patriarcado, racismo, religião, machismo, homofobia, elitismo.

Diga sim mesmo quando seu desejo for dizer não. Mantenha os parentes e os amigos por perto, mesmo que tóxicos, afinal parente é família e família vem sempre em primeiro lugar, não é mesmo? E amizades de longa data, mesmo que já não te faça bem, são amizades antigas, artigo raro hoje em dia. Adote em seu vocabulário expressões como “tanto faz”, “pode ser“, “escolhe você”, “tudo bem, por mim”, “o que vocês preferirem”.

Segure o choro o máximo que puder, mas, se não conseguir mais conter, procure um lugar escondidinho... dentro do guarda-roupa ou durante o banho são as melhores opções! E, se for questionada, diga que ouviu uma música triste ou assistiu a um filme emocionante, alegue TPM ou que estava conversando com Deus. Sempre funciona! Não há razão para preocupar ninguém com seu choro.  

Como eu disse, a invisibilidade é um superpoder que requer prática, mas o bom é que você pode alterar a ordem dos exercícios e a frequência de cada um, no final o resultado será o mesmo: uma mulher invisível, não apenas aos olhos dos outros, mas também a si mesma.

Comentários

  1. Hora de voltar aos holofotes da própria vida

    ResponderExcluir
  2. Gostei muito Talita. da sua reflexao entexto! Você trouxe a partir de.sua vivencia caminhos simples e práticos para esvaziarmos o nosso ego e nos relacionarmos melhor com os outros e conosco mesmo. O livro Tao traz algo semelhante. "Diminuir nosso brilho para se ajustar a escuridão dos outros". Acho q isso é q vc quis dizer sobre ser "invisivel". Parabéns!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. obrigada pelo feedback! "Diminuir nosso brilho para se ajustar à escuridão dos outros" exatamente isso.

      Excluir
  3. Uma desbravadora de agonias. Com o coração esvaziado de pressão, segue educando-se, ao iluminar a escuridão dos sem rota e chão.
    Figura linda é você Talita que tão bem sabe expressar o poder do sim e do não!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. obrigada pelo carinho de sempre, Betânia! É uma honra ter você lendo meus textos.

      Excluir

Postar um comentário

Mais lidos

Tempestade

Que privilégio é poder voar!

Uma ou duas tranças